terça-feira, 24 de março de 2009


Em uma terra distante localizada na Amazônia, havia uma família indígena que vivia da terra, vendendo suas produções.

Certo dia, receberam uma notícia de que a avó da Kainá, filha de um índio que morava naquela aldeia, estava doente. A mãe da Kainá fez uma cestinha de palha, colocou uma parte de suas produções e pediu sua filha para levar a cesta até a casa de sua avó.

Antes de sair da aldeia, Kainá recebeu ordens de sua mãe para ir pela trilha até a casa da sua avó, que se localizava em uma aldeia próxima. Porém, Kainá era muito teimosa e, desobedecendo as ordens de sua mãe, foi por dentro da floresta para ver os animais que ali habitavam.

Pelo caminho, viu vários animais lindos, inclusive macacos. De repente, Kainá ouviu um barulho estranho parecido com o barulho de uma onça. Ela estava ficando com medo e começou a correr para chegar depressa à casa de sua avó, mas não percebeu que ainda estava sendo seguida pela onça.

No dia seguinte, Kainá e sua família receberam uma notícia horrível: uma onça invadiu a aldeia de sua avó e matou-a.

Joyce Alves Marques

Dário vinha apressado e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Após recuperar o fôlego, percebeu que aquela casa era familiar. Aquele muro de pedra alto, a arquitetura antiga, mas bonita, suas paredes num tom de areia... Tinha a sensação de já ter morado lá há muito tempo.

No dia seguinte, foi atrás do dono da casa, pois estava interessado em comprá-la. Dário perguntou às pessoas que moravam pelas proximidades se sabiam quem era o dono daquela casa. As pessoas diziam que não viam ninguém entrar lá há anos.

De repente, teve a idéia de ir aos Correios ver se conseguia alguma informação. O agente dos Correios só pôde informar o telefone do proprietário.

Quando chegou em casa, foi telefonar. Achou o número familiar, mas não se lembrava de quem era.

O telefone tocou várias vezes e ninguém atendeu. Ele resolveu tentar novamente e, após vários minutos, uma voz grossa atendeu. Logo a reconheceu! Era a voz de seu avô! Ele era o misterioso proprietário da casa.

A partir desse momento, tudo começou a fazer sentido! Quando era pequeno, vivia indo passar os finais de semana com seus avós naquela maravilhosa casa. Por isso que ela era familiar.

Joyce Alves Marques

sexta-feira, 20 de março de 2009


A rua! A rua deserta, vazia, livre, para meus passos e para o meu rumo! Corri por ali afora, corri para alcançar o bonde e para desentorpecer.

O bairro estava silencioso, sem ninguém, todos haviam viajado para a cidade vizinha, onde haveria um grande show da Isabelly Sangalo, uma cantora muito famosa, que estava fazendo vários shows na minha região.

Acordei muito tarde, e os bondes já tinham seguido viagem, mas, por sorte, alcancei o último, pois estava atrasado.

No outro dia, à noite, já pronto para o show, fui para a praia, onde ocorreria o grande espetáculo, meus amigos estavam lá comigo, bebemos muito e dançávamos com muita alegria.

Meia-noite começou o tão esperado show, Isabelly tinha muitos fãs, todos se divertiam com suas músicas, sem contar que ela era muito bonita.

De repente, uma faísca no equipamento de iluminação surgiu e “bum” começou o incêndio, um desespero total, todos corriam para longe do palco, houve muita gritaria e choro de crianças. Conseguiram salvar Isabelly, uma pessoa ficou ferida, mas nada muito grave. Chegaram os bombeiros, eles conseguiram apagar o fogo.

Todos foram para casa muito assustados, o que teria causado aquele terrível incêndio?

Ilana Maria Holanda Sousa Teles

quinta-feira, 19 de março de 2009



Ergueu a cabeça e contemplou o lugar onde tantas vezes se apresentara para seus breves triunfos no trapézio. Aos olhos dos demais, podia ser um mero pedaço de madeira preso ao teto por uma corda, mas para ele era o palco de suas maiores glórias.

Durante muitos anos, fora o trapezista mais afamado do circo, por ser o que mais recebia aplausos durante as noites de apresentação. Quando estava sob o trapézio, a lei da gravidade parecia desaparecer por alguns instantes; uma vez que as cambalhotas, giros e manobras que realizava superava todas as barreiras impostas pela física.

Foram 20 anos como trapezista. Naquele picadeiro recebera muitos prêmios, homenagens, medalhas além de incontáveis aplausos.
Hoje, aposentado do trabalho circense, treina seus netos para que executem um trabalho tão bom quanto o que fora feito por ele.

Olhando o trapézio, o sentimento de saudade tornou-se inevitável, mas a sensação de dever cumprido o inundava ( fora o melhor trapezista daquele circo). Mas seu tempo acabara, chegou a hora de outros brilharem naquele picadeiro onde outrora fora a sua vez. Resta-lhe agora somente a lembrança de bons momentos; essas, nem o tempo poderá apagar.

Isabelly Cysne Augusto Maia

segunda-feira, 16 de março de 2009


O dia amanhecera, mas de uma forma diferente, na terra da galinha choca, um ar misterioso rondava o lugar.

Suspensa por aquele ar de que algo estranho iria acontecer, fui ver o meu imóvel que estava para locar, um possível inquilino havia me ligado, interessado em conhecer o espaço. O dia corria bem, a sensação suspeita que me invadira ia esvaecendo a medida que o dia seguia seu ritmo normal.

No horário marcado, às 2 da tarde, meu cliente aparecera, era um moreno bonito, alto e com um sotaque característico de carioca, conversamos sobre o preço do aluguel, o tempo do contrato e ele prontamente aceitara todas as minhas condições.

Nosso primeiro contato ocorrera dessa maneira, por volta do dia dez de janeiro, mas nos vimos muito mais vezes depois da assinatura do contrato, ele passou a me cortejar, a levar-me par jantar, para ao cinema e quando dei por mim já estava enamorada por aquele sotaque carioca, dessa maneira os dias passaram, começamos a namorar e quando o dia do primeiro pagamento chegara, fui novamente ate o meu imóvel ( onde outrora fora um lava-jato), ao chegar o carioca (como ficara conhecido em Quixadá), ao invés de dar- me somente o pagamento referente ao primeiro mês, acabou dando-me o valor correspondente a todo o tempo de locação.

Recebi o dinheiro com grande hesitação, como poderia aceitar uma quantia tão alta? , mas ao mesmo tempo a alegria de saber que não seria enganada com o pagamento do aluguel como já fora por diversas vezes, alem do mais não tinha motivos para desconfiar daquele dinheiro, cada dia mais meu namorado impressionava-me com gentilezas.

Com o montante recebido pude pagar todas as minhas dividas e me dar ao luxo de fazer mais algumas com roupas, bolsas e sapatos de marca, jóias entre outros muitos bens de valor, com os quais pude ficar mais bela para meu amado.

Os dias seguiram normalmente e com imensa alegria, veio então a noticia surpreendente, no dia 15 de fevereiro uma quadrilha de ladrões invadira o Banco do Brasil, roubando a quantia de 800 mil.

A quadrilha, como foi investigado, pela policia era majoritariamente carioca, tiveram acesso aos cofres do banco por meio de um túnel cavado em um antigo lava-jato, que fora locado para os bandidos, porem os assaltantes não alcançaram seu objetivo de roubar os 6 milhões que estavam contidos nos cofres do banco, conseguindo surrupiar apenas 800 mil.

Posteriormente descobri que o estabelecimento do qual o túnel partira é o meu e agora os policiais contam com a minha visão de mulher apaixonada traída (ele não roubara meu dinheiro, mas partira meu coração) para montar o retrato falado.

Após o assalto, Carioca fora embora sem nenhuma despedida, deixando apenas um coração de uma mulher completamente despedaçado. Desejei vê-lo só mais uma vez, embora ele tivesse enganado-me, a falta que aquele sotaque me fazia era maior do que qualquer outra decepção.

Isabelly Cysne Augusto Maia

Não podia acreditar no que estava vendo! Eles estavam mesmo falando a verdade. Pensei que era só uma ameaça àquele homem. Nunca imaginei que alguém fosse realmente capaz de cometer uma barbaridade dessas!

Quando menos esperava, lá estava o homem sendo colocado em uma casinha toda feita de vidro, semelhante a uma estufa. As pessoas que assistiam a cena, riam do desespero dele.

Pouco tempo depois, descobri que não colocaram comida nem água para ele. Ouvi algumas pessoas apostando quanto tempo ele conseguiria sobreviver. Umas deram duas semanas, outros só deram sete dias.

Com o passar dos dias, a casa ficava cada vez mais quente e abafada. Sua sede aumentava cada vez mais, e as pessoas do lado de fora, para piorar a situação do rapaz, enchiam vários baldes de água e jogavam na parede da casa só para torturá-lo.

Alguns dias depois, quando o rapaz já estava à beira da morte, ele disse:
- Tudo que vocês estão fazendo comigo, acontecerá também com vocês.

Todos começaram a rir dele achando que ele estava enlouquecendo.

No dia seguinte, foi anunciado no jornal que estava acontecendo o efeito estufa e que a água do mundo, estava se tornando escassa. Aconteceu justamente o que o homem havia dito.

Joyce Alves Marques

sábado, 14 de março de 2009




Algum tempo atrás, Maria, uma pequena garota do sertão cearense, executava seu trabalho na lavoura junto a mãe. Embora criança, ela nunca pudera estudar; a humilde vida da família forçava a garota ao trabalho compulsório.


Em um desses muitos dias ensolarados que assolam o nosso Estado, Francisca, mãe de Maria, pede para a filha deixar um delicioso bolo de fubá (que fizera com a boa colheita de bolo) na casa da avó, que se encontrava adoentada.


Atendendo ao pedido da mãe, a garota sai por esse sertão a caminho da casa da avó. Ela desobedece sua progenitora em um único aspecto, não vai pela trilha conhecida, aproveita a oportunidade de conhecer o caminho margeado por cactos espinhentos e pedras rachadas pelo sol que sua mãe tanto advertira a não seguir.


Sai sertão adentro divertindo-se com as paisagens exóticas que encontrava: arvores secas com aspecto de gente, cacto, cabeça de gado morto que acabava servindo de abrigo para muitos bichinhos. Distraída, Maria, não percebeu que um homem de aparência grotesca e com uma grande faca pendurada na cintura, aproximava-se dela a largos passos.


Quando percebe a presença daquele homem, Maria “apressa o passo” para chegar a casa de sua avó. O homem se aproxima e indaga o que uma criança como ela estava fazendo aquela hora em um caminho tão perigoso. Maria responde que vai visitar a avó.


De repente, o homem começa a tagarelar e a fazer uma serie de perguntas que a garota se vê impelida a responder, pois vê no homem um amigo e não mais uma ameaça. A conversa segue até a casa da avó, onde amenina deixa o bolo e os desejos de melhora.
No dia seguinte a noticia; a avó foi morta e tudo mais roubado.


Isabelly Cysne Augusto Maia



03, Janeiro, de 2007


Não, não posso acreditar nisso! Será que meus olhos de fato viram aquela cena? A quem estou querendo enganar?, claro que vi.


Hoje á tarde sai com minhas amigas para o cinema, foi um momento de muita diversão, o filme foi ótimo sem falar nas compras que fizemos após a secessão cinematográfica.


Lojas de bolsa, sapatos, roupas, tudo fora vasculhado por nossas mãos, ávidas por uma novidade da moda.


Com o mesmo sorriso nos lábios, entramos na maior loja de óculos escuros do “shopping”. Enquanto procuravam o modelo “ideal” para seus tipos faciais – redondos, curvos, alongados, finos – uma figura chamou minha atenção.


No canto da loja estava um rapaz aparentemente franzino, devido á longa jaqueta de couro que lhe pendia dos ombros de uma maneira desproporcional. Ele experimentava os diversos modelos de óculos masculinos e quanto mais eu o olhava mais tinha a sensação de conhecê-lo.
Depois o meu observado comprou uns óculos de modelo masculino (provavelmente para ele) e um de modelo feminino.


Saímos todos da loja (eu, minhas amigas e o homem misterioso) com ele caminhando a nossa frente. Coincidentemente fomos para a praça de alimentação, em uma das mesas estava uma das garotas de minha escola, o menino aproximou-se dela e entregou-lhe o óculos que há pouco havia comprado com um estalado beijo na bochecha, naquele momento percebi que o tal rapaz era meu namorado, e as lagrimas brotaram do meu rosto.


Isabelly Cysne Augusto Maia

quinta-feira, 12 de março de 2009


Já são oito da manhã, algo muito estranho estava acontecendo: o sol não nasceu ainda. Todos começam a se assustar, as luzes da cidade tentam clarear aquela escuridão imensa, as lojas ainda não abriram, as crianças não querem acordar para ir à escola. As pessoas começam a se perguntar:

—Será que o sol apagou?

—E se ele tiver sido engolido por um grande buraco negro?

Pesquisadores da estação espacial buscavam uma resposta para essa loucura.

Eles descobriram que o grande astro estava correndo risco de sumir. Só havia uma saída, era injetar uma bomba no sol, capaz de revitalizá-lo.

Era uma difícil missão, formou-se uma equipe com oito astronautas. Tudo estava sendo providenciado com muita rapidez. Duas semanas depois, de trabalho intenso para construir uma nave resistente e uma bomba eficiente, os astronautas são enviados para o sol.

Passaram-se três meses e, quando a nave estava pronta para liberar a bomba, o alerta vermelho dispara: era falta de oxigênio. Todos se desesperaram e começaram a procurar alguma reserva de ar, três parceiros não resistiram e morreram, dois foram eletrocutados, os outros três conseguiram acionar a bomba e mandá-la ao sol, mas sem ter como voltar, ninguém sobreviveu na nave espacial.

No outro dia, às 5:30, lá estava o sol lindo e radiante!

Ilana Maria Holanda Sousa Teles

segunda-feira, 9 de março de 2009


Maurício era um rapaz rico. Ele era muito infiel, namorava várias mulheres ao mesmo tempo. Porém, achando-se muito esperto, só namorava mulheres de diferentes classes sociais, pois geralmente elas não se falam e assim, nunca descobririam.

Certo dia, Maurício estava entediado e resolveu trocar de namoradas. Quando terminou “seus namoros”, tratou logo de arranjar outras namoradas.

Com o tempo, ele foi se apegando a duas de suas namoradas e acabou engravidando-as. Ao receber a notícia, ficou logo preocupado, com medo de que fosse forçado a se casar.

O tempo foi passando e elas não falaram em casamento. Ele ficou aliviado achando que seguiria com sua vida normalmente. Quando ele menos esperava, as duas namoradas ligam para sua casa dizendo que já estavam a caminho de sua casa para dar uma importante notícia. Maurício fica desesperado, seu segredo está para ser revelado.

Por uma infeliz coincidência, as duas chegaram ao mesmo tempo. Ao chegar à porta, acabaram descobrindo que ambas namoravam o mesmo cara e que as duas esperavam um filho dele.

As duas, revoltadas, começaram a brigar feio e Maurício não conseguiu apartar as duas. Como a briga estava ficando feia, ele chamou logo a ambulância.

Ao chegarem ao hospital, uma delas não resistiu e acabou morrendo.

Joyce Alves Marques

“Tiago aproxima-se devagarinho daquela menina sentada distraidamente da pracinha do shopping. Parece que vai pregar-lhe um susto, mas imposta a voz e diz com pose de galã:
─ A senhorita, com ar tão solitário, espera alguém?
Depois do ligeiro susto, ela empina o nariz e responde toda afetada:
─ Sim, o meu namorado, um príncipe!”
(Wagner Costa. In: Samira Youssef Campedelli, org. Amigos. São Paulo: Atual, 1992.p.26.)
Sem demonstrar sua decepção ao ser “rejeitado”, o rapaz voltou a falar:
─ E este príncipe é tão cavalheiro que deixa a sua namorada esperando, solitária, quase esquecida por ele, não é?!
A menina ficou enfurecida no momento e levantou a voz:
─ Quem você pensa que é? Nem o conheço e você vem julgar o meu “namorado”! Ele deve ter tido algum imprevisto...
─ Não estou julgando- afirmou Tiago, calmamente- estou apenas relatando o que vejo!
─ Você não está vendo nada! Está querendo tirar algum proveito dessa situação! Querendo me “cantar” !
─ Realmente, tenho que concordar que não estou vendo nada de cavalheirismo! Mas a senhorita é muito convencida, não acha?
─ Por que você me chama de senhorita? É alguma ironia?
─ Claro que não! Apenas estou sendo cavalheiro, diferente de tantos outros...
─ Olhe voc...
─ Mas deixarei de te perturbar, afinal, devo ficar atento, pois também espero alguém!
Então, Tiago foi sentar-se num outro banco ao lado. E a garota ficou, impacientemente, esperando seu “príncipe”. Ficava, ela, observando que o rapaz não saia dali. E, assim foi passando o tempo...
─ Por que você não vai embora?
─ Por que estás me expulsando? Não estou mais te incomodando!
─ Não diretamente! Pois faz mais de duas horas que estou aqui, e você também! Sendo que eu espero alguém, e você? Fica me vigiando...
─ Mais uma vez digo que és convencida! E, abrindo um parêntese: ainda esperas alguém?!
─ Você não pode falar nada! E eu vou ligar para ele, com licença!
A menina entrou no shopping.
─ Por que você ainda não chegou? Faz duas horas que estou aqui te esperando e você não chega! Da última vez que nos comunicamos, eu marquei esse horário!
─ Mas querida, eu também estava te esperando há duas horas. Porém já fui embora. Deixei até um bilhete debaixo do banco onde eu estava, caso você ainda fosse.
A menina saiu correndo e viu a cartinha que seu príncipe deixara e num suspiro falou:
─ Ah Tiago, se ao menos você tivesse dito seu nome, tudo teria sido diferente.

Letícia Maria Rodrigues Ramos

“Ele estava junto à parede dos fundos do supermercado. Virei a esquina e me deparei com ele. Fazia sol naquela manhã, pois muitos têm sido os dia de sol. Mas, como era ainda bem cedo e a cidade mal despertava, o sol esbranquiçado e preguiçoso lançava sobre a calçada uma luz tímida, oblíqua. Seus raios, depois de esgueirar-se por entre os prédios ainda envoltos pelas últimas sombras, incidiam sobre o chão apenas em um determinado ponto. E o facho de luz, reticulado pelos grãos de poeira em suspensão, derramava-se sobre as pedras portuguesas com um toque quase sobrenatural – como um raio de anunciação.
Pois era bem ali – no trecho da calçada banhado por aquele sol primeiro – que ele, o anjo, se encontrava”.

(Heloísa Seixas Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001.p.61.)

Não acreditava no que estava vendo. Fechei bem os olhos, mas quando abri, ele ainda estava lá. Aquela figura angelical me encarava. Comecei a suar frio, minhas pernas ficaram trêmulas, minhas mãos suadas, fiquei com falta de ar, meu coração pulsava cada vez mais rápido... Cheguei a pensar que estava morrendo. Tentei afastar-me daquela figura. Para onde eu olhava, lá estava.
De repente, vi uma luz branca que me puxava em sua direção. Lutei contra ela, tentei correr, mas minhas pernas trêmulas não permitiam. Minha visão começou a falhar. Via tudo embaçado e com vários borrões pretos. Fiquei desesperada! Não queria deixar minha família e amigos para trás. Se soubesse que meu fim se aproximara, teria dado mais atenção aos meus familiares e amigos. Queria ter uma oportunidade de dizer o quanto eles são importantes para mim, mas era tarde demais.
Tentei, com muito esforço, fugir novamente, mas foi inútil. Acabei caindo e batendo a cabeça. Estava inconsciente.
Acordei assustada: onde estava e o que havia acontecido. Quando menos esperava, lá estava aquela figura angelical novamente me encarando. Antes que tivesse alguma reação, ouvi uma voz doce perguntando se eu estava bem. Logo percebi que a voz vinha de uma criança loira de olhos azuis. Parecia um anjo.
Perguntei à criança o que havia acontecido. Ela disse que quando eu virei à esquina do supermercado, caí batendo a cabeça e tinha desmaiado. Fiquei aliviada, pois tudo não passara de um sonho.


Joyce Alves Marques

segunda-feira, 2 de março de 2009


Uma grande tempestade ocorria na cidade de Curitiba naquela madrugada de sábado. As estradas não se encontravam alagadas, mas o trânsito estava terrível. Rafael tinha um casamento, no dia seguinte, do seu irmão que mora em São Paulo, portanto estava desesperado, pois não sabia se chegaria a tempo ao seu compromisso. Seu vôo sairia naquela manhã; por isso ligou rapidamente para a companhia de táxi:
─ Estou precisando de um táxi rumo ao Aeroporto Afonso Pena!
No momento em que o rapaz entrou no carro, este começou a fumaçar. O motorista, então, falou:
─ Coitado deste pobre carro! Tão velho que o motor pifou!
─ E agora?! ─ perguntou Rafael.
─ Pedirei outro táxi para o senhor, porém ainda vai demorar uns 50 minutos!
Além do atraso do táxi, o trânsito estava um caos e o temperamento de Rafael também. Depois de tantos imprevistos, o rapaz chegou ao aeroporto todo encharcado, pois ele saíra correndo com suas malas do carro para não se atrasar ainda mais.

Enfim, na última chamada para o embarque, Rafael entrou na sala e conseguiu embarcar. Quando pegou o seu livro para ler durante a viagem, ocorreu um grande estrondo. Começou, então, uma gritaria e a porta que tem escrito “saída de emergência” foi aberta. Todos, desesperados, saíram correndo. E, foi avisado que um raio atingira o avião e não sabiam se ainda iriam decolar.

Rafael não estava desesperado, estava enfurecido! Tempestade, carro, trânsito, e agora, até o avião decidira ficar contra ele! Então, ele decidiu ir de ônibus. Tanta coisa já ocorrera, o que ainda poderia acontecer?!


Letícia Maria Rodrigues Ramos


No interior do Nordeste, na casa de sua madrasta morava uma linda jovem que trabalhava como empregada, pois seu pai havia morrido há um mês e como a madrasta Aélia odiava Cindy, tratava-a como uma empregada e não lhe dava nada, somente atendia aos pedidos de suas duas filhas mimadas.

No bairro onde morava, havia um rapaz lindo, que todas as garotas eram loucas por ele. Era inteligente, simpático e não aceitava injustiça.

Certo dia ele, o Thiago, resolveu fazer sua festa de aniversário, que seria em uma semana e sua mãe pediu que ele escolhesse uma moça para namorar. Thiago convidou todos os jovens do bairro.

Cindy queria muito ir, mas no dia da festa Aélia não permitiu e mandou-a limpar todo o chão da casa. A jovem ficou muito triste e correu para o seu quarto chorando. Mais tarde quando Aélia e suas filhas saíram, Cindy encontrou debaixo da cama um presente de seu pai que iria lhe dar antes de morrer: era um lindo vestido e sapatinhos delicados.

Ela pôs o vestido, calçou os sapatos, arrumou o cabelo. Ficou toda deslumbrante e foi para a festa. Quando Thiago a viu, ficou encantado e foi conversar como ela. Achou Cindy muito bonita, educada e simpática. Pediu Cindy em namoro e ela aceitou.

A jovem saiu da casa onde não era bem tratada e foi morar com Thiago. Ele nunca mais deixou Aélia chegar perto de Cindy.


Ilana Maria Holanda Sousa Teles


Na cidade do interior, José toma uma cervejinha com seus amigos no bar; conversam cada besteirada, que só vendo para acreditar, pareciam uns jumentos desnorteados, um se segurando no outro, indo para lá e para cá...
José tinha saído de casa porque a mulher estava com raiva dele, o homem tinha aparecido na esquina da casa, bêbado e com outra, pense num bicho infiel. Depois de horas naquela bebedeira, ele angustiado porque a mulher não queria saber dele, começava a cantar:

“Eu não sou cachorro não...”

De repente aparece um cachorro feio, unhas enormes, com pouquíssimo pêlo e magrinho que dava para ver até o osso do animal. Quando um dos caboclos do bar viu o cachorro indo em direção deles, ele gritou:
-Cuidado com o calazar!Vamos embora se não ele morde.
O povo se apressou deixou o dinheiro da conta na mesa e foi correndo embora. O coitado do José é que ficou lá sem entender nada, não sabia nem o que era calazar, mas o homem estava tão bêbado que saiu correndo em direção à lagoa que tinha por perto, pensava que era brincadeira do pessoal, mas meio tonto, tropeçou no batente, bateu a cabeça no tronco, que estava logo na frente e caiu desmaiado na lagoa.
Quando souberam da história, deram à lagoa o nome de José calazar, onde ele morreu sem saber o que era calazar.


Ilana Maria Holanda Sousa Teles


“Thiago aproxima-se devagarzinho daquela menina sentada distraidamente na pracinha do shopping. Parece que lhe vai pregar um susto, mas imposta a voz e diz com pose de galã:
-A senhorita com ar tão solitário, espera alguém?
Depois do ligeiro susto, ela empina o nariz e responde toda afetada:
-Sim, o meu namorado, um príncipe!”

(Wagner Costa. In: Samira Youssef Campedelli, org. Amigos. São Paulo: Atual, 1992.p.26.)

-Puxa como você é esquentadinha, viu?
-Você que não devia estar aqui, meu namorado deve estar já chegando- disse ela olhando para a entrada do shopping.
Mas Thiago não se convence e pergunta:
-Você está esperando por ele aí sentada há quantas horas?
-Não é da sua conta.
-Como é o nome dele?
- É...
-Ah! Peguei-te, demorou muito para responder. Aposto que isso é história sua, para eu não falar com você.
-Ok, é verdade, então por que você não vai embora? O que você quer, hein?
-Ora deixa disso, venha, eu não sou tão chato assim. Vamos passear na beira mar, você vai gostar.
Thiago leva Letícia para passear, caminham um pouco pela calçada, sentindo aquela doce brisa da tardezinha, tomam uma água de côco e resolvem jantar em uma pizzaria ali por perto. Conversa vai, conversa vem, Letícia começa a perceber que ele é um garoto legal, divertido e simpático.
De repente no meio do jantar, Thiago levanta da cadeira, pede a atenção de todos que estavam na pizzaria, pega um violão e canta uma música em declaração de amor para Letícia:

“Você tem o aroma das rosas, me envolve em teu
Cheiro e assim faz minar
A imensa vontade de estar ao teu lado

Nem o mar tem o brilho encantante como o dos teus olhos
Minha pedra rara
Eu não vou negar sem você meu mundo para”

- Te amo Letícia, minha jabutizinha!
Letícia encantada com essa linda declaração, para e faz uma cara estranha, como quem estivesse indignado com algo e ela grita:

-Jabutizinha é a tua
prima! Seu cavalo!
Letícia saiu da pizzaria, pegou um táxi e foi para casa.
E Thiago ficou sem entender o que ele tinha falado de errado para ter deixado Letícia tão furiosa. E disse:

-Mas aquilo foi um elogio...


Ilana Maria Holanda Sousa Teles


“Ele estava junto à parede dos fundos de um supermercado. Virei a esquina e me deparei com ele. Fazia sol naquela manhã, pois muito tem sido os dias de sol. Mas, como era ainda bem cedo e a cidade mal despertava, o sol esbranquiçado e preguiçoso lançava sob a calçada uma luz tímida, obliqua. Seus raios, depois de esgueirasse por entre os prédios ainda envoltos pela ultima sombra, incidiam sob o chão apenas num determinado ponto. E o facho de luz, reticulado pelos grãos de poeira em suspensão derrama sobre as pedras portuguesas com um toque quase sobre natural – como raio de anunciação -.

Pois era bem ali – no trecho da calçada banhado por aquele sol primeiro – que ele, o anjo, se encontrava.”

(Heloísa Seixas Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001.p.61.)

Somente uma reação era plausível, a de mais completo espanto; fechei meus olhos incrédula que estava vendo tal ser, era uma figura tão pura, tão angelical, tão bela........, não pude manter meus olhos fechados por muito tempo, tive que abri-los na ânsia de ver tal ser novamente, por mais uma vez.
Olhei-o novamente, e qual não foi minha surpresa, ele ria para mim, um riso tão indescritível e chamava-me para mais perto de sua beleza estonteante. Não pude resistir ao convite. Senti-me coagida a segui-lo, não poderia perdê-lo de vista sem maiores informações.
Aproximei-me mais de sua luz, ela se tornava mais intensa à medida que me aproximava. Quando me encontrava bem mais perto dele, ele falou:
- Vim de longe para vê-la, não me faça muitas perguntas, nosso tempo é curto. Apenas siga-me e aproveite bem cada momento.
Depois daquelas palavras proferidas, ele segurou minha mão e de repente estávamos sobrevoando minha cidade; de fato estava sendo um dia maravilhoso um dia maravilhoso Passamos por muitos lugares que há muito tempo não via: o sítio de minha família, a rústica casa de meus avós no interior, meus amigos de escola e de faculdade. Posteriormente passamos pelo edifício de meu trabalho, a minha casa, o mercantil, dentre as paisagens vistas eram as que eu mais freqüentava atualmente. Estranhamente senti uma sensação de solidão, de isolamento, parece que rever todos aqueles lugares despertou em mim um sentimento nostálgico.
Por fim, passamos pela casa de minha família, qual não foi minha surpresa ao ver o quanto meus sobrinhos tinham crescido, o quanto meus pais tinham envelhecido, eles não tinham tantas rugas da última vez que os vi, minha irmã caçula, era agora uma mulher; realmente o tempo passa sem sentirmos. Há pouco tempo eu era uma criança e hoje sou uma mulher repleta de responsabilidades.
Diante de minha cara o anjo perguntou:
- Qual foi a última vez que você viera ver sua família?
- Para ser bem sincera, meu mais novo amigo, eu não sei ao certo. Sei somente que minha omissão tem sido tão grande que nem sei mais se posso me redimir. Tenho pensado tanto em trabalho, em lucro, em ganho, que minha família tem sempre ficado para trás.
Foi com um tom de escárnio na voz que ele por fim falou-me:
- Pois bem, se você tivesse que largar tudo agora, se sua morte fosse anunciada e você tivesse que vir comigo o que faria?
- Imploraria para ficar por mais algum tempo. Sei que minha missão ainda não esta concluída, muito ainda precisa ser revisto, analisado, pensado e principalmente modificado
E como num passe de mágica aquele anjo desapareceu da mesma forma que surgira, abruptamente.
Foi então que me dei conta de quanto precisamos ser provocados por algo mágico e inacreditável para percebermos com mais clareza as chances maravilhosas que a vida nos oferece para sermos felizes. Basta querermos.

Isabelly Cysne Augusto Maia